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segunda-feira, 18 de agosto de 2014

O Código de Trânsito está defasado, diz especialista


18de agosto de 2014




Eduardo Biavati é mestre em sociologia, escritor e especialista em educação e segurança no trânsito. Autor do livro Rota de Colisão, Biavati defende que, para reduzir o número de mortes no trânsito, é preciso conscientizar a população e ampliar os métodos de fiscalização. Nesta entrevista, ele classifica o Código Brasileiro de Trânsito como defasado e diz que o Brasil está atrasado em relação à segurança viária. Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil tem 44 mil mortes por ano no trânsito, quarta maior média do mundo.

O que precisa ser feito para reduzir este número?

A nossa insegurança viária está relacionada à nossa incapacidade de controlar a velocidade, sobretudo nas rodovias. Infelizmente, o Brasil ainda não foi capaz de montar uma rede de monitoramento eletrônico. Ainda há a velha associação entre beber e dirigir. Avançamos na legislação, mas precisamos intensificar a fiscalização. Um problema recente é o uso de smatphones. Isso vale para condutores, pedestres, ciclistas, motociclistas. Não temos prova de que isso está causando mortes, mas é evidente que não tem como olhar para a tela e prestar atenção ao trânsito.No livro, você utiliza uma linguagem voltada para jovens. Este é o público de maior preocupação?


Os adolescentes e os adultos jovens, que são o público entre 18 e 30 anos, são os mais expostos, são os que mais morrem em termos quantitativos. Cerca de 33,4% das 44 mil mortes no trânsito, por ano, no Brasil, são de pessoas nesta faixa etária. A preocupação de chegar nesse público jovem é antiga, conscientizá-los para que assumam o papel de protagonistas e se cuidem.

Na sua opinião, por que morrem mais pessoas nesta faixa etária no trânsito?

É o público que frequenta as baladas, costuma beber e dirigir. Infelizmente, a gente meio que esquece esse público, fazemos programas de conscientização para as criancinhas pensando no futuro, mas não podemos esperar 18 anos. Então, o que fazemos com essa galera hoje? Deixa morrer? Há urgência em falar com estes jovens.

Qual sua opinião sobre o Código de Trânsito Brasileiro?

Nosso código não tem um problema, mas tem defasagens. Quando surgiu, há quase 20 anos, mal se falava em celular. De modo que, até hoje a penalidade para falar ao celular no volante é média, mas deveria ser gravíssima, como é na Inglaterra. Os valores estão congelados há 13 anos. Quando o código surgiu em 1997, previa uma multa pesada para quem não usava o cinto de segurança. O valor equivaleria hoje a R$ 2 mil. Mas a multa continua o que era, R$ 127. Não é barata, mas para muitas pessoas não é nada. Nosso código perdeu força.

Muitos especialistas defendem que a solução para reduzir as mortes é investir em transporte público. Você compartilha desta opinião?

Vamos ter que encontrar uma maneira, nas cidades, onde acontecem metade das mortes, de convencer as pessoas de que não dá para usar carro e moto para ir a todo lugar. Vamos ter que oferecer uma boa condição de transporte público. Quanto menos veículos estiverem transitando, quanto mais baixa for a velocidade, quanto mais gente caminhar, quanto mais gente pedalar, mais segurança nós vamos ter.

Qual sua avaliação sobre o processo de formação de condutores no Brasil?

É um processo caro, a carga horária não é suficiente e as aulas não preparam devidamente os condutores, principalmente motociclistas. É preciso rever o processo de formação. Nos países que conseguiram reduzir os índices de mortalidade, houve investimento nesse processo. (ATarde)

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